Já faz algum tempo que um crânio alongado descoberto na região do Peru tem intrigado muitos estudiosos. E o motivo não é o que comumente é esperado. Não é seu formato, não é o tempo de existência, mas sim, um objeto acoplado na peça. Isso porque, esses poderiam ser indícios de processos cirúrgicos existentes já há cerca de 2000 anos. Os estudos em torno desses esqueletos são processos extremamente demorados e cuidadosos.
Esse crânio, por exemplo, explica e levanta discussões sobre diversas características do povo daquela região e daquele período da História. Ele foi achado na região dos Andes e veio de uma sociedade pré-Inca da cadeia de montanhas dos Andes. A caixa óssea foi doada ao Museu de Osteologia, em Oklahoma, nos Estados Unidos e já chegou a ficar exposto por um tempo, mas foi retirado, porque ainda havia muito pesquisa a ser feita.
O crânio teria pertencido a um guerreiro peruano que se feriu em alguma batalha. E uma das hipóteses é de que tenham implantado aquele pedaço de metal na região afetada. E acreditam, ainda, que a pessoa tenha sobrevivido e vivido mais longos anos, devido a forma como o metal estava “fundido” no osso. O que significa que a “cirurgia” foi bem-sucedida. Acredita-se que esse procedimento tenha sido necessário devido à complexidade do estado no qual o guerreiro voltou do conflito.
Ao que tudo indica, o crânio chegou quebrado de tal maneira, que os curandeiros peruanos tiveram que selar a fratura ou deixavam a pessoa com ferimentos permanentes. Estudiosos notam certa habilidade desses curandeiros peruanos em procedimentos desse estilo, porque era muito comum, naquela época, ferimentos causados por porretes e estilingues, segundo o antropólogo físico John Verano, da Universidade de Tulane, localizada em Nova Orleans, nos Estados Unidos.
Outro detalhe que deixa dúvida nos pesquisadores é que, de acordo com um porta-voz do Museu de Osteologia, era o ouro ou a prata que eram normalmente utilizados nesse tipo de procedimento. Por isso, investiga-se, ainda, a veracidade dessas hipóteses. Há estudiosos que duvidam que esse metal tenha sido implantado mesmo em um guerreiro. Defendem que o objeto pode ter sido fundido ao crânio já depois da morte, a fim de que se valorize a caixa óssea.
“Eu tenho muitas dúvidas de que isso é autêntico de qualquer forma. Em poucas palavras, acredito que isso é algo fabricado para fazer com que a caveira fosse um colecionável com mais valor“, afirmou o antropólogo John Verano. Entende-se que se, de fato, o metal foi utilizado no crânio, como medida para curar um ferimento de batalha, os povos da América do Sul tinham mesmo capacidade de realizar o que hoje conhecemos como “cirurgia”, e de alta complexidade.
Esse tipo de processo realizado pelos curandeiros é chamado de Trepanação. De maneira simples, se trata de técnica cirúrgica que consiste em perfurar um orifício em um osso. Naqueles tempos, os curandeiros do Peru antigo utilizavam muito essa técnica e não era somente como ritual religioso, mas também, como processo cirúrgico. Fosse após uma lesão cerebral traumática, fosse para remover fragmentos do crânio, aliviar a pressão de inchaço ou para drenagem.
E vocês também devem estar se perguntando sobre o formato do crânio alongado. E aqui vai a explicação. Era uma tradição bastante comum no Peru, naquela época, que as pessoas, ainda bem jovens, em período de formação, passassem por uma espécie de ritual. Era um processo que consistia em amarrar, normalmente, dois pedaços de madeira em volta da cabeça, de modo a comprimir o crânio, para que ele ficasse no formato mais alongado.
Acreditava-se que isso significava, entre outras coisas, beleza, inteligência e alto status. E isso não era só nessa região. Esse alongamento proposital da região da cabeça foi identificado em diversas culturas em todo o mundo. Algumas nas Américas, outras na Ásia Central, na Austrália e até na Europa.