Espremida por prédios em SP

Família mora há mais de 100 anos em casa espremida por prédios

Com 90 anos de idade, Therezinha Eugênia Pinheiro Lima, mora há 70 anos na casa

Italo John
Repórter do EM OFF

Aos 90 anos de idade, Therezinha Eugênia Pinheiro Lima, mora há exatos 70 anos em um sobrado no bairro de Vila Mariana, considerado de classe média em São Paulo. O imóvel pertenceu aos avós paternos das filhas de Therezinha, Maria Angélica e Adriana. Desse modo, a casa tem e guarda memórias da família há mais de um século.

Therezinha Eugênia Pinheiro Lima, mora há exatos 70 anos em um sobrado no bairro de Vila Mariana
Dona Therezinha mora em uma casa onde seus vizinhos moram em apartamentos, com isso, a casa em que ela mora fica esprimida

No entanto, nos últimos anos, as moradoras da casa atualmente, Dona Therezinha e suas as filhas viram todos os seus antigos vizinhos se mudando e indo embora. Com isso, a grande maioria das casas no entorno foram demolidas para darem lugar a várias torres de apartamentos, tendo unidades de 16 a 33 m², erguidas a direita, atrás, e também à esquerda do imóvel da família.

Imagem dos prédios e da casa em que a família de Dona Therezinha mora, em São Paulo

Lixo no próprio quintal

Hoje, o sobrado delas é apenas um ponto sem sol, bastante espremido pelos prédios. “Das janelas dos apartamentos, jogam de tudo. Já jogaram absorvente, bituca de cigarro, embalagem de sabonete e de comida, garrafas”, conta a filha Adriana, do que já recolheu em seu quintal.

Assédio do ramo imobiliário

“Com a gente, [a abordagem dos corretores] começou em 2010, mas a gente nem acreditava. A gente ria, e pensava: ‘Quem vai vender aqui? O seu Pássaro [um vizinho de longa data] vai vender? Imagina… Ninguém aqui vai vender'”, lembra a nutricionista Maria Angélica, de 43 anos de idade.

“E as abordagens nunca são feitas de forma amigável, é sempre na base da ameaça. Eles diziam: ‘Se você não vender, vai ficar no meio dos prédios, não vai ter sol. Nós vamos construir o prédio do mesmo jeito e aí, lá de cima, vão jogar de tudo'”, diz Adriana, de 55 anos anos de idade.

 Dona Therezinha e suas as filhas viram todos os seus antigos vizinhos se mudando e indo embora.
Dona Therezinha e suas as filhas viram todos os seus antigos vizinhos se mudando e indo embora.

As duas inclusive, já chegaram a ficar por vários meses com os seus carros parados na porta da casa. “Minha mãe não conseguia pôr a chave no portão, que ela [a corretora imobiliária] vinha: ‘Oi, tudo bem? Posso entrar?’. Quando ouvia que não, a conversa mudava de tom: ‘Depois que a gente construir, você não vai vender essa casa nunca mais. Nunca ninguém vai querer essa casa, então acho melhor você vender'”, diz Adriana, ao falar das conversas com a corretora.

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