As polêmicas envolvendo o Girabank, banco digital fundado pelo influenciador Carlinhos Maia, não param. No mês passado, o EM OFF publicou que a empresa foi cobrada na Justiça a realizar o pagamento de uma dívida de mais de R$ 9 milhões. Agora, ex-colaboradores acusam o banco e a empresa Prudentte, sócia do Girabank, de não pagar salários.
A Prudentte Gestão de Pagamentos Ltda. é uma fintech que oferece serviços de banco digital para o mercado, além de ser responsável pelo funcionamento do aplicativo do Girabank. De acordo com ex-funcionários da empresa de tecnologia, os atrasos nos pagamentos começaram no ano passado. Em abril desse ano, porém, a empresa simplesmente deixou de pagar os salários.
“Muitas pessoas trabalharam por meses e os diretores não pagaram no dia do pagamento. Fomos cobrar e eles disseram que eram problemas e que a gente receberia em breve”, disse um ex-funcionário da sócia do Girabank, que pediu anonimato. “No mês seguinte, a gente não recebeu de novo. Questionamos e disseram que eram problemas de caixa. Foram vários meses assim, desde novembro do ano passado”.
A situação piorou em abril deste ano. “Eles pararam de pagar, parece que o dinheiro acabou”, disse. Parte da equipe, no entanto, continuou trabalhando, com a promessa de que tudo seria regularizado. “Me senti manipulado pela gestão”, disse o ex-colaborador. “Ninguém nunca perguntou se a gente tinha família, aluguel, nada. A gente continuou trabalhando porque a gente gostava do time, da equipe, e os gestores sempre falavam que os problemas iam ser resolvidos”, ressaltou.
Quatro meses de atraso
Depois de meses sendo enganados, o que restou da equipe resolveu parar de trabalhar. Os salários, porém, seguem atrasados. “Até hoje a gente não recebeu, eu tenho quatro meses de salário que eu não recebi, tive ajuda de outras pessoas nesse tempo. Tem gente no time que foi despejado de casa com duas crianças e esposa porque não pagou o aluguel”, lamentou o ex-funcionário, que pretende entrar com uma ação contra a empresa.
O Girabank foi fundado pelo humorista e influenciador digital alagoano Carlinhos Maia no começo de 2022. Internamente, a empresa afirma possuir mais de 2 milhão de correntistas. Além de Carlinhos Maia, Pedro Marrey Sanchez é outro sócio-fundador do banco digital. No Instagram oficial do Girabank, o nome de Carlinhos Maia ainda é utilizado para promover a empresa.
Carlinhos Maia
O EM OFF teve acesso ao conteúdo de conversas entre a equipe de funcionários e dirigentes da Prudentte, como José Ferreira, CEO da empresa, André Navarro e Matheus Mortari, que também fazem parte do alto escalão. Nas mensagens, eles iludem os colaboradores a respeito do pagamento, afirmando que o Girabank receberia um aporte internacional que permitiria a quitação dos salários, porém, o investimento não ocorreu.
Em um áudio ao qual o EM OFF teve acesso, gravado durante uma reunião com a equipe, Ferreira cita o nome o humorista Carlinhos Maia. “Nós temos o Gira, todos os sócios do Gira (…) e os sócios também por parte de Carlinhos Maia já se comprometeram financeiramente, porque quem tem mantido a cooperação ao longo do tempo somos nós”, diz o CEO.
Em uma das últimas reuniões com os ex-funcionários, Ferreira fez uma proposta “indecente”: ofereceu costas de participação nas empresas de 0,5% para que os colabores voltassem a trabalhar como sócios, mas sem receber salários. “Ele ofereceu uma porcentagem de uma empresa cheia de dívidas, que não funciona e que o serviço ficou ruim”, apontou o ex-funcionário ouvido pelo EM OFF.
Outro lado
Procurado, José Ferreira, um dos dirigentes da Prudentte, admitiu que a empresa deve a ex-colaboradores, mas garantiu que eles são terceirizados e apenas prestam serviço à fintech. “A Prudentte não deve para nenhum funcionário. O que há são contratos com prestadores de serviço que estão de atraso”, admitiu.
Ele confirmou o interesse de um investidor norte-americano em aplicar dinheiro no Girabank, e disse que aguarda esse pagamento para que os contratos sejam liquidados. “A empresa vai honrar com os contratos, mas não são funcionários, e já estão prestando serviço para outras empresas. Nossa intenção é resolver o quanto antes”, garantiu.
Ferreira ressaltou, porém, que Carlinhos Maia não faz mais parte dos sócios do Girabank ou da Prudentte. “A Prudentte é uma das sócias [do Girabank], mas não é majoritária, ela apenas presta serviços para o Girabank. Carlinhos Maia de fato saiu, não faz mais parte do Girabank, ele saiu por várias razões, inclusive pessoais”. A assessoria de imprensa do humorista também afirmou que ele não não é sócio desde o ano passado.
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